APRENDER
O mundo parece que só não progride mais rapidamente porque há, em muitas criaturas, um invisível desencanto de aprender. De aprender mais continuamente, de aprender sempre.
Em geral, atingido um limite de conhecimento indispensável a certas garantias, o indivíduo instala-se nele, e deixa correr o tempo, sem se preocupar com a renovação constante das coisas. São esses, na verdade, os que se surpreendem quando, certo dia, encontram circunstâncias diversas a atender. Pensaram que tinham formado um mundo inalterável e lhes bastava ir até o fim nessa cômoda rotina.Mas, em alguns casos, não possuem, sequer, uma limpidez de vistas suficiente para aceitarem a certeza dessa renovação. Obstinam-se em pensar quem têm a verdade consigo. E não somente em pensar, mas em dizer.Ora, quem é dono de uma verdade atingiu, decerto, um grau de superioridade inexcedível. Quem possui uma verdade não se vai agora modificar em atenção a nada e a ninguém. É todo-poderoso e perfeito.Assim, os rotineiros pacíficos, viciados na imobilidade das idéias, e os rotineiros pretensiosos, impregnados da convicção de uma sabedoria insuperável, constituem duas fileiras imensas, entre as quais passam a custo, e com uma impressionante coragem, os que se acostumaram a pôr sobre todas as coisas uma claridade sem enganos, e conquistaram o gosto de atingir cada dia um ponto mais alto para o seu destino.Esse gosto provém da humildade persistente de aprender.A cada instante há na vida um novo conhecimento a encontrar, uma nova lição despertando, uma situação nova, que se deve resolver.Entre os inertes e os que não dão por isso ou não podem assumir nenhuma atitude, e os presumidos que, imperturbavelmente, deixam cair o seu orgulho e o seu tédio sobre os mais contraditórios acontecimentos, aqueles que, afinal, constroem alguma coisa no mundo organizam suas atividades para vencer a experiência que se lhes apresenta.Vencem-na pela inteligência com que a aceitam, pelos poderes com que a compreendem, pela interpretação e o estímulo que a seu respeito são capazes de formular.Tudo isso é aprender. E aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias na sucessão interminável da vida.Os adultos aconselham freqüentemente às crianças a vantagem de aprender, vantagem que tão pouco conhecem e que assim mesmo dificilmente seriam capazes de seguir.Pode ser que um dia cheguem a mudar muito, e dêem tais. conselhos a si mesmos.Daí por diante, o mundo começará a ficar melhor.Rio de Janeiro, Diário de Notícias. 1O de dezembro de 1932.PARA REFLETIR1. O título do texto define bem seu tema? Por quê? O que se deveria acrescentar/2. A autora indica dois tipos de pessoa que resitem ao aprendizado permanente. Quais são?3. O que, segundo texto, caracteriza as pessoas dispostas/ disponíveis a aprender sempre? Voc concorda com a opinião expressa pela autora? Por quê
Em um grande rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.Como que gosta de falar muito, o advogado perguntou ao barqueiro:- Companheiro, você entende de leis?- Não – respondeu o barqueiro.E o advogado compadecido, disse:- É pena, você perdeu metade da vida!A professora, muito social, entra na conversa:- Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?- Também não – responde o remador.- Que pena! Condói-se a mestra – você perdeu a metade da vida!Nisso chega uma onde bastante forte e vira o barco.O canoeiro preocupado, pergunta:- Vocês sabem nadar?- Não! – respondem eles rapidamente.- Então é uma pena – concluiu o barqueiro – Vocês perderam toda a vida!
Anacleto
Anacleto era um sujeito.Ele sabia de quase tudo...Fazia quase tudo certo.Ninguém fazia contas tão bem quanto Anacleto.Ele não se atrapalhava com os números, nunca errava as somas.Anacleto era o melhor aluno da escola, o corredor mais rápido da rua e também um craque de bola.Anacleto fazia piruetas na bicicleta, nadava como um peixe... E era radical no skate.Anacleto era um verdadeiro atleta.Anacleto anda sempre arrumado, camisa limpinha, sapato engraxado, cabelo penteado, nariz sem meleca.A Mônica, a Bia e a Teça, ele já tinha namorado.Anacleto falava bonito.Conhecia palavras como EXATAMENTE e IMPRESSIONANTE.Era realmente um sujeito brilhante.Anacleto sabia o triplo de cinco, sabia o que provocava relâmpagos e de onde vêm os bebês.Sabia até o que é ORNITORRINCO.Mas, apesar de tão esperto, era um sujeito quase completo.Sabe por quê?Anacleto não sabia de tudo não: ele não sabia fazer bolinha de sabão..
Conta-se que uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada.No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:Posso lhe fazer três perguntas?- Pertenço à tua cadeia alimentar?- Eu te fiz algum mal?- Não.- Então, por que você quer acabar comigo?E a serpente responde:- Porque não suporto ver você brilhar...Pense nisso!Infelizmente, a qualquer momento, uma cobra pode cruzar nosso caminho...Esteja sempre alerta, pois o que não faltam são as serpentes querendo nos atrapalhar!Mas, não tenha medo
- Alô, é da casa de D. Mariazinha?- Sim, com quem deseja falar?- Com a própria. Aqui é Carmem, lá da mesma escola onde ela trabalha.- Pode falar Carmen, aqui quem fala é Mariazinha.- Mas que ótimo te pegar em casa. É sobre o maldito planejamento do ensino. Eu nem sei por onde começar e o meu diretor quer essa coisa pra amanhã cedo.- Olha: peque o mesmo do ano passado. Muda uma ou duas sentenças e entregue. Todo mundo faz isso...- Só que eu comecei a lecionar este ano, sabe? E a outra professora que eu substituí nem tinha plano. Dá pra você me ajudar?- Eu aqui em casa só tenho a minha cópia carbono. Acho que ela não dá xérox – está meio apagada...- Cópia carbono?- Lá na escola quem faz o plano é a D. Chiquita. Ela datilografa as cópias com carbono para facilitar. Imagine se eu vou perder tempo com isso. O diretor nem verifica: ele pega, dá uma olhada por cima e tranca na gaveta.- É mesmo é? E você tem por acaso o telefone da Chiquita? Vou entrar nessa também!- Deixa eu ver... aqui está: 23-8166. Só que ela cobra, viu?- Cobra? Quanto?- Serviço profissional, minha filha! Ou você acha que a colega ia trabalhar de graça! Já basta a exploração do governo. E com essa inflação, não sei o preço atual do plano. Mas vale, viu? Vem com capa e bem datilografado. Máquina elétrica e tudo... nem precisa revisar...- Obrigado pela recomendação. Vou ligar agora mesmo pra casa dela pra encomendar. Um abração, tá!- Só mais um conselho antes de desligar: guarde uma cópia com você. Assim no ano que vem você não precisa tirar dinheiro do bolso de novo. É isso aí, tchau!
Uma velha senhora chamada Renata morava sozinha na mata, num pequeno bangalô. Um dia, enquanto dormia, recebeu a visita de um estranho cobrador. Era um homem de cabelo sarará, que empurrou a porta e, logo que entrou, o mais forte que podia ele gritou: "sua dorminhoca, que só gosta de fofoca, pague logo o que me deve e não me venha avacalhar, oferecendo bóia ou papo barato, que não vou suportar". A velha senhora pulou da cama com o cabelo aindaemaranhado, calçou o sapato e, tremulando sem parar, uma célebre modinha começou a cantar. Os bichos que estavam na mata conheciam aquela melodia e logo foram acudir a velha senhora que morava sozinha

A vírgula pode ser uma pausa... ou não.Não, espere.Não espere.Ela pode sumir com seu dinheiro.23,4.2,34.Pode ser autoritária.Aceito, obrigado.Aceito obrigado.Pode criar heróis.Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.Ela pode ser a solução.Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.A vírgula muda uma opinião.Não queremos saber.Não, queremos saber.Uma vírgula muda tudo.

O distraído, nela tropeçou,o bruto a usou como projétil,o empreendedor, usando-a construiu,o campônio, cansado da lida,dela fez assento.Para os meninos foi brinquedo,Drummond a poetizou,Davi matou Golias...Por fim;o artista concebeu a mais bela escultura.Em todos os casos,a diferença não era a pedra.Mas o homem.
Em pleno século XX, um grande professor do século passado voltou à Terra e, chegando à sua cidade, ficou abismado com o que viu: as casas altíssimas, as ruas pretas, passando umas sobre as outras, com uma infinidade de máquinas andando em alta velocidade; o povo falava muitas palavras que o professor não conhecia (poluição, avião, metrô, televisão...); os cabelos de umas pessoas pareciam com os do tempo das cavernas e as roupas deixavam o professor ruborizado.Muito surpreso e preocupado com a mudança, o professor visitou a cidade inteira e cada vez compreendia menos o que estava acontecendo. Na igreja, levou susto com o padre que não mais rezava em latim, com o órgão mudo e um grupo de cabeludos tocando uma música estranha. Visitando algumas famílias, espantou-se com o ritual depois do jantar: todos se reuniam durante horas para adorar um aparelho que mostrava imagens e emitia sons. O professor ficou impressionado com a capacidade de concentração de todos: ninguém falava uma palavra diante do aparelho.Cada vez mais desanimado, foi visitar a escola – e, finalmente, sentiu um grande alívio, reencontrando a paz. Ali, tudo continuava da mesma forma como ele havia deixado: as carteiras uma atrás da outra, o professor falando, falando... e os alunos escutando, escutando, escutando..

Era uma professora recém formada em magistério de 2° grau. Enfrentava, nesse momento, a pesada responsabilidade de alfabetizar uma classe de 34 crianças.Eu estava sentado lá no fundo da sala. Já tinha perdido a devida autorização para observar a aula. Intuito: sentir mais de perto as práticas pedagógicas na área da alfabetização. Na época, 1977, eu havia sido convidado para organizar uma cartilha, coisa que, felizmente, nunca foi concretizada.Sobre a mesa do professor um roteiro de aula, que, de onde eu estava, não dava para ver tamanho nem formato. Bom saber que nestes tempos ainda há professores que planejam e roteirizam as suas ações, contrapondo-se à famigerada improvisação.Diz à classe:- Copiem as duas palavrinhas que vou escrever na lousa.E escreve, uma embaixo da outra, lendo em voz alta:- Mata-borrão, tinteiro.As crianças, de “esferográfica” em punho, começam a copiar, sempre lembrando que não deveriam se esquecer de cortar o tê.Ao passeio da professora pelas fileiras, checando as cruzadinhas dos tês, vejo-me com um sentimento de espanto e estranheza frente às duas palavras selecionadas para a lição: mata-borrão, tinteiro. De que diabo de lugar ela tinha retirado tais palavras?Arrisco, bem baixinho, uma pergunta ao garoto sentado na fileira ao lado:- Você sabe o que é mata-borrão?- Sei lá. Acho que é bandido. Assassino.Meu pensamento corre longe no restante da aula. Volto aos meus tempos de escola primária na década de 50. Caneta de pena, tinteiro e mata-borrão faziam parte do material que eu levava à escola. Molhávamos a pena no tinteiro que ficava num recipiente colocado no topo da carteira, escrevíamos no caderno de caligrafia e passávamos o mata-borrão por cima para sugar o excesso de tinta, não borrar a folha.Bate o sinal. Eu acordo e corro lá na frente para saciar a minha curiosidade.- De onde você tirou aquelas duas palavras para os alunos copiarem?- Quais duas?- Mata-borrão e tinteiro.- Ah, sim. Deste meu roteiro aqui – uma preciosidade que herdei da minha avó. Ela também foi professora. A melhor alfabetizadora da região. Sigo direitinho as suas instruções.E mostrou-me um caderno meio roto, desgastado pelo tempo e pelo uso. Escrito naquelas antigas letras de cartório. Cheirava a cravo-de-defunto. Bisbilhotei a lição do dia, onde encontrei, à página 17, as seguintes instruções: “Na 6a aula, vós deveis fornecer um exercício de cópia com palavras ‘mata-borrão’ e ‘tinteiro’”.Nas mãos da professora a muleta da vovó. Na cabeça dos alunos mata-borrão = assassino.
Uma velha senhora chamada Renata morava sozinha na mata, num pequeno bangalô. Um dia, enquanto dormia, recebeu a visita de um estranho cobrador. Era um homem de cabelo sarará, que empurrou a porta e, logo que entrou, o mais forte que podia ele gritou: "sua dorminhoca, que só gosta de fofoca, pague logo o que me deve e não me venha avacalhar, oferecendo bóia ou papo barato, que não vou suportar". A velha senhora pulou da cama com o cabelo aindaemaranhado, calçou o sapato e, tremulando sem parar, uma célebre modinha começou a cantar. Os bichos que estavam na mata conheciam aquela melodia e logo foram acudir a velha senhora que morava sozinha.
A vírgula pode ser uma pausa... ou não.Não, espere.Não espere.Ela pode sumir com seu dinheiro.23,4.2,34.Pode ser autoritária.Aceito, obrigado.Aceito obrigado.Pode criar heróis.Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.Ela pode ser a solução.Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.A vírgula muda uma opinião.Não queremos saber.Não, queremos saber.Uma vírgula muda tudo.

O distraído, nela tropeçou,o bruto a usou como projétil,o empreendedor, usando-a construiu,o campônio, cansado da lida,dela fez assento.Para os meninos foi brinquedo,Drummond a poetizou,Davi matou Golias...Por fim;o artista concebeu a mais bela escultura.Em todos os casos,a diferença não era a pedra.Mas o homem
Mudar é um ato de coragem.É aceitação plena e consciente de desafio.É trabalho árduo, para hoje!É trabalho duro, para agora!E os frutos só virão amanhã, quem sabe, tão distante...Mas quando temos a certeza de estarmos no rumo certo, a caminhada é longa.Muitos ficarão à margem.Outros vão retirar-se da estrada. É assim mesmo!Contudo, os que ficarem, chegarão. Disso eu tenho certeza!Olhe bem a seu lado. Estão com você seus colegas de trabalho.Eles exercem o mesmo papel que você dentro desta organização.Eles também têm problemas e dificuldades como você. E têm dúvidas sobre a mudança.Você poderá mostrar-lhes como sente e pensa a respeito das mudanças na organização e nas pessoas.Não feche a janela em que você está debruçado.Convide seu colega para estar ao seu lado, para que vocês possam ter a mesma perspectiva.Tenho certeza que, se assim procedemos, dentro de algum tempo estaremos convencidos de que não é tão difícil mudar.
O mundo parece que só não progride mais rapidamente porque há, em muitas criaturas, um invisível desencanto de aprender. De aprender mais continuamente, de aprender sempre.
Em geral, atingido um limite de conhecimento indispensável a certas garantias, o indivíduo instala-se nele, e deixa correr o tempo, sem se preocupar com a renovação constante das coisas. São esses, na verdade, os que se surpreendem quando, certo dia, encontram circunstâncias diversas a atender. Pensaram que tinham formado um mundo inalterável e lhes bastava ir até o fim nessa cômoda rotina.Mas, em alguns casos, não possuem, sequer, uma limpidez de vistas suficiente para aceitarem a certeza dessa renovação. Obstinam-se em pensar quem têm a verdade consigo. E não somente em pensar, mas em dizer.Ora, quem é dono de uma verdade atingiu, decerto, um grau de superioridade inexcedível. Quem possui uma verdade não se vai agora modificar em atenção a nada e a ninguém. É todo-poderoso e perfeito.Assim, os rotineiros pacíficos, viciados na imobilidade das idéias, e os rotineiros pretensiosos, impregnados da convicção de uma sabedoria insuperável, constituem duas fileiras imensas, entre as quais passam a custo, e com uma impressionante coragem, os que se acostumaram a pôr sobre todas as coisas uma claridade sem enganos, e conquistaram o gosto de atingir cada dia um ponto mais alto para o seu destino.Esse gosto provém da humildade persistente de aprender.A cada instante há na vida um novo conhecimento a encontrar, uma nova lição despertando, uma situação nova, que se deve resolver.Entre os inertes e os que não dão por isso ou não podem assumir nenhuma atitude, e os presumidos que, imperturbavelmente, deixam cair o seu orgulho e o seu tédio sobre os mais contraditórios acontecimentos, aqueles que, afinal, constroem alguma coisa no mundo organizam suas atividades para vencer a experiência que se lhes apresenta.Vencem-na pela inteligência com que a aceitam, pelos poderes com que a compreendem, pela interpretação e o estímulo que a seu respeito são capazes de formular.Tudo isso é aprender. E aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias na sucessão interminável da vida.Os adultos aconselham freqüentemente às crianças a vantagem de aprender, vantagem que tão pouco conhecem e que assim mesmo dificilmente seriam capazes de seguir.Pode ser que um dia cheguem a mudar muito, e dêem tais. conselhos a si mesmos.Daí por diante, o mundo começará a ficar melhor.Rio de Janeiro, Diário de Notícias. 1O de dezembro de 1932.PARA REFLETIR1. O título do texto define bem seu tema? Por quê? O que se deveria acrescentar/2. A autora indica dois tipos de pessoa que resitem ao aprendizado permanente. Quais são?3. O que, segundo texto, caracteriza as pessoas dispostas/ disponíveis a aprender sempre? Voc concorda com a opinião expressa pela autora? Por quê
Em um grande rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.Como que gosta de falar muito, o advogado perguntou ao barqueiro:- Companheiro, você entende de leis?- Não – respondeu o barqueiro.E o advogado compadecido, disse:- É pena, você perdeu metade da vida!A professora, muito social, entra na conversa:- Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?- Também não – responde o remador.- Que pena! Condói-se a mestra – você perdeu a metade da vida!Nisso chega uma onde bastante forte e vira o barco.O canoeiro preocupado, pergunta:- Vocês sabem nadar?- Não! – respondem eles rapidamente.- Então é uma pena – concluiu o barqueiro – Vocês perderam toda a vida!
Anacleto
Anacleto era um sujeito.Ele sabia de quase tudo...Fazia quase tudo certo.Ninguém fazia contas tão bem quanto Anacleto.Ele não se atrapalhava com os números, nunca errava as somas.Anacleto era o melhor aluno da escola, o corredor mais rápido da rua e também um craque de bola.Anacleto fazia piruetas na bicicleta, nadava como um peixe... E era radical no skate.Anacleto era um verdadeiro atleta.Anacleto anda sempre arrumado, camisa limpinha, sapato engraxado, cabelo penteado, nariz sem meleca.A Mônica, a Bia e a Teça, ele já tinha namorado.Anacleto falava bonito.Conhecia palavras como EXATAMENTE e IMPRESSIONANTE.Era realmente um sujeito brilhante.Anacleto sabia o triplo de cinco, sabia o que provocava relâmpagos e de onde vêm os bebês.Sabia até o que é ORNITORRINCO.Mas, apesar de tão esperto, era um sujeito quase completo.Sabe por quê?Anacleto não sabia de tudo não: ele não sabia fazer bolinha de sabão..
Conta-se que uma serpente começou a perseguir um vaga-lume.Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada.No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:Posso lhe fazer três perguntas?- Pertenço à tua cadeia alimentar?- Eu te fiz algum mal?- Não.- Então, por que você quer acabar comigo?E a serpente responde:- Porque não suporto ver você brilhar...Pense nisso!Infelizmente, a qualquer momento, uma cobra pode cruzar nosso caminho...Esteja sempre alerta, pois o que não faltam são as serpentes querendo nos atrapalhar!Mas, não tenha medo
- Alô, é da casa de D. Mariazinha?- Sim, com quem deseja falar?- Com a própria. Aqui é Carmem, lá da mesma escola onde ela trabalha.- Pode falar Carmen, aqui quem fala é Mariazinha.- Mas que ótimo te pegar em casa. É sobre o maldito planejamento do ensino. Eu nem sei por onde começar e o meu diretor quer essa coisa pra amanhã cedo.- Olha: peque o mesmo do ano passado. Muda uma ou duas sentenças e entregue. Todo mundo faz isso...- Só que eu comecei a lecionar este ano, sabe? E a outra professora que eu substituí nem tinha plano. Dá pra você me ajudar?- Eu aqui em casa só tenho a minha cópia carbono. Acho que ela não dá xérox – está meio apagada...- Cópia carbono?- Lá na escola quem faz o plano é a D. Chiquita. Ela datilografa as cópias com carbono para facilitar. Imagine se eu vou perder tempo com isso. O diretor nem verifica: ele pega, dá uma olhada por cima e tranca na gaveta.- É mesmo é? E você tem por acaso o telefone da Chiquita? Vou entrar nessa também!- Deixa eu ver... aqui está: 23-8166. Só que ela cobra, viu?- Cobra? Quanto?- Serviço profissional, minha filha! Ou você acha que a colega ia trabalhar de graça! Já basta a exploração do governo. E com essa inflação, não sei o preço atual do plano. Mas vale, viu? Vem com capa e bem datilografado. Máquina elétrica e tudo... nem precisa revisar...- Obrigado pela recomendação. Vou ligar agora mesmo pra casa dela pra encomendar. Um abração, tá!- Só mais um conselho antes de desligar: guarde uma cópia com você. Assim no ano que vem você não precisa tirar dinheiro do bolso de novo. É isso aí, tchau!
Uma velha senhora chamada Renata morava sozinha na mata, num pequeno bangalô. Um dia, enquanto dormia, recebeu a visita de um estranho cobrador. Era um homem de cabelo sarará, que empurrou a porta e, logo que entrou, o mais forte que podia ele gritou: "sua dorminhoca, que só gosta de fofoca, pague logo o que me deve e não me venha avacalhar, oferecendo bóia ou papo barato, que não vou suportar". A velha senhora pulou da cama com o cabelo aindaemaranhado, calçou o sapato e, tremulando sem parar, uma célebre modinha começou a cantar. Os bichos que estavam na mata conheciam aquela melodia e logo foram acudir a velha senhora que morava sozinha
A vírgula pode ser uma pausa... ou não.Não, espere.Não espere.Ela pode sumir com seu dinheiro.23,4.2,34.Pode ser autoritária.Aceito, obrigado.Aceito obrigado.Pode criar heróis.Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.Ela pode ser a solução.Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.A vírgula muda uma opinião.Não queremos saber.Não, queremos saber.Uma vírgula muda tudo.
O distraído, nela tropeçou,o bruto a usou como projétil,o empreendedor, usando-a construiu,o campônio, cansado da lida,dela fez assento.Para os meninos foi brinquedo,Drummond a poetizou,Davi matou Golias...Por fim;o artista concebeu a mais bela escultura.Em todos os casos,a diferença não era a pedra.Mas o homem.
Em pleno século XX, um grande professor do século passado voltou à Terra e, chegando à sua cidade, ficou abismado com o que viu: as casas altíssimas, as ruas pretas, passando umas sobre as outras, com uma infinidade de máquinas andando em alta velocidade; o povo falava muitas palavras que o professor não conhecia (poluição, avião, metrô, televisão...); os cabelos de umas pessoas pareciam com os do tempo das cavernas e as roupas deixavam o professor ruborizado.Muito surpreso e preocupado com a mudança, o professor visitou a cidade inteira e cada vez compreendia menos o que estava acontecendo. Na igreja, levou susto com o padre que não mais rezava em latim, com o órgão mudo e um grupo de cabeludos tocando uma música estranha. Visitando algumas famílias, espantou-se com o ritual depois do jantar: todos se reuniam durante horas para adorar um aparelho que mostrava imagens e emitia sons. O professor ficou impressionado com a capacidade de concentração de todos: ninguém falava uma palavra diante do aparelho.Cada vez mais desanimado, foi visitar a escola – e, finalmente, sentiu um grande alívio, reencontrando a paz. Ali, tudo continuava da mesma forma como ele havia deixado: as carteiras uma atrás da outra, o professor falando, falando... e os alunos escutando, escutando, escutando..
Era uma professora recém formada em magistério de 2° grau. Enfrentava, nesse momento, a pesada responsabilidade de alfabetizar uma classe de 34 crianças.Eu estava sentado lá no fundo da sala. Já tinha perdido a devida autorização para observar a aula. Intuito: sentir mais de perto as práticas pedagógicas na área da alfabetização. Na época, 1977, eu havia sido convidado para organizar uma cartilha, coisa que, felizmente, nunca foi concretizada.Sobre a mesa do professor um roteiro de aula, que, de onde eu estava, não dava para ver tamanho nem formato. Bom saber que nestes tempos ainda há professores que planejam e roteirizam as suas ações, contrapondo-se à famigerada improvisação.Diz à classe:- Copiem as duas palavrinhas que vou escrever na lousa.E escreve, uma embaixo da outra, lendo em voz alta:- Mata-borrão, tinteiro.As crianças, de “esferográfica” em punho, começam a copiar, sempre lembrando que não deveriam se esquecer de cortar o tê.Ao passeio da professora pelas fileiras, checando as cruzadinhas dos tês, vejo-me com um sentimento de espanto e estranheza frente às duas palavras selecionadas para a lição: mata-borrão, tinteiro. De que diabo de lugar ela tinha retirado tais palavras?Arrisco, bem baixinho, uma pergunta ao garoto sentado na fileira ao lado:- Você sabe o que é mata-borrão?- Sei lá. Acho que é bandido. Assassino.Meu pensamento corre longe no restante da aula. Volto aos meus tempos de escola primária na década de 50. Caneta de pena, tinteiro e mata-borrão faziam parte do material que eu levava à escola. Molhávamos a pena no tinteiro que ficava num recipiente colocado no topo da carteira, escrevíamos no caderno de caligrafia e passávamos o mata-borrão por cima para sugar o excesso de tinta, não borrar a folha.Bate o sinal. Eu acordo e corro lá na frente para saciar a minha curiosidade.- De onde você tirou aquelas duas palavras para os alunos copiarem?- Quais duas?- Mata-borrão e tinteiro.- Ah, sim. Deste meu roteiro aqui – uma preciosidade que herdei da minha avó. Ela também foi professora. A melhor alfabetizadora da região. Sigo direitinho as suas instruções.E mostrou-me um caderno meio roto, desgastado pelo tempo e pelo uso. Escrito naquelas antigas letras de cartório. Cheirava a cravo-de-defunto. Bisbilhotei a lição do dia, onde encontrei, à página 17, as seguintes instruções: “Na 6a aula, vós deveis fornecer um exercício de cópia com palavras ‘mata-borrão’ e ‘tinteiro’”.Nas mãos da professora a muleta da vovó. Na cabeça dos alunos mata-borrão = assassino.
Uma velha senhora chamada Renata morava sozinha na mata, num pequeno bangalô. Um dia, enquanto dormia, recebeu a visita de um estranho cobrador. Era um homem de cabelo sarará, que empurrou a porta e, logo que entrou, o mais forte que podia ele gritou: "sua dorminhoca, que só gosta de fofoca, pague logo o que me deve e não me venha avacalhar, oferecendo bóia ou papo barato, que não vou suportar". A velha senhora pulou da cama com o cabelo aindaemaranhado, calçou o sapato e, tremulando sem parar, uma célebre modinha começou a cantar. Os bichos que estavam na mata conheciam aquela melodia e logo foram acudir a velha senhora que morava sozinha.
A vírgula pode ser uma pausa... ou não.Não, espere.Não espere.Ela pode sumir com seu dinheiro.23,4.2,34.Pode ser autoritária.Aceito, obrigado.Aceito obrigado.Pode criar heróis.Isso só, ele resolve.Isso só ele resolve.Ela pode ser a solução.Vamos perder, nada foi resolvido.Vamos perder nada, foi resolvido.A vírgula muda uma opinião.Não queremos saber.Não, queremos saber.Uma vírgula muda tudo.
O distraído, nela tropeçou,o bruto a usou como projétil,o empreendedor, usando-a construiu,o campônio, cansado da lida,dela fez assento.Para os meninos foi brinquedo,Drummond a poetizou,Davi matou Golias...Por fim;o artista concebeu a mais bela escultura.Em todos os casos,a diferença não era a pedra.Mas o homem
Mudar é um ato de coragem.É aceitação plena e consciente de desafio.É trabalho árduo, para hoje!É trabalho duro, para agora!E os frutos só virão amanhã, quem sabe, tão distante...Mas quando temos a certeza de estarmos no rumo certo, a caminhada é longa.Muitos ficarão à margem.Outros vão retirar-se da estrada. É assim mesmo!Contudo, os que ficarem, chegarão. Disso eu tenho certeza!Olhe bem a seu lado. Estão com você seus colegas de trabalho.Eles exercem o mesmo papel que você dentro desta organização.Eles também têm problemas e dificuldades como você. E têm dúvidas sobre a mudança.Você poderá mostrar-lhes como sente e pensa a respeito das mudanças na organização e nas pessoas.Não feche a janela em que você está debruçado.Convide seu colega para estar ao seu lado, para que vocês possam ter a mesma perspectiva.Tenho certeza que, se assim procedemos, dentro de algum tempo estaremos convencidos de que não é tão difícil mudar.
Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores.
Moral da História:
"Respeitar as opções do outro, em qualquer aspecto, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente. Portanto, nunca julgue. Apenas tente compreender."
Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente, quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado.
Ele se vira para o chinês e pergunta:
- Desculpe, mas o senhor acha mesmo que o defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde:
- Sim, quando o seu vier cheirar as flores.
Moral da História:
"Respeitar as opções do outro, em qualquer aspecto, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes, agem diferente e pensam diferente. Portanto, nunca julgue. Apenas tente compreender."
A lagartixa
A professora está dando uma aula de português, no terceiro ano primário:
“O diminutivo se forma com o acréscimo de um sufixo, com inho, zinho, zito et. Por exemplo: rapaz, rapazito, ou rapazinho, ou rapazelho, ou paragote... pedra, pedrinha ou pedrita... casa, casinha ou casia ou casebre...mala, malinha, malazinha, malêta... Há porém, palavras que tem posto menor: Exemplos: Homem - menino; boi - bezerro; galo – pinto; pombo – borracho; árvore – arbusto; rio – regato; vara – virgula; cabeça – capítulo; telha – tecla; roda – rótula, rolha... Entenderam bem? Quem é capaz de dar outro exemplo de diminutivo formado sem sufixo?
- Eu – disse João – Faca – canivete...
- Muito bem. Quem mais sabe dar algum exemplo?
- Eu – disse Pedro – Rato - camondongo...
- Muito bem. Realmente camondondo ou catita, é um rato pequeno.
- E mais ninguém sabe demonstrar com algum exemplo que entendeu bem?
- Eu sei – diz Zelito, o menor da aula, um petiz de oito anos apenas.
- Diga Zelito.
- Jacaré...
- E qual o diminutivo?
- Lagartixa.
(Gargalhada geral)

Um menino viu um casaca-de-couro em um pé de papoula. Chegando perto viu um ninho com dois ovinhos e um filhotinho; mas uma cobra verde comeu o filhotinho; ele quis matar a cobra mas não conseguiu porque ela fugiu.
Um companheiro ouviu contar esse fato e passou adiante dizendo:
Um menino de casaca-de-couro encontrou um ninho com dois ovinhos verdes e um filhotinho de cobra; ele quis matar o passarinho, mas não poude; comeu a papoula e fugiu.
Este companheiro, depois de ouvir essa história, a contou a outro colega desta forma:
Um menino verde encontrou um ninho de papoula com duas cobrinhas de casaca-de-couro; o passarinho comeu a cobra e o menino comeu dois ovinhos.
Já este colega narrou a história desta outra maneira:
Uma cobra de casaca-de-couro viu um passarinho num pé de papoula que queria matar um menino verde, mas este saiu do ninho e comeu a cobra.
Só depende de nós...
"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem apoluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim."
TEXTO COM INTERPRETAÇÃO: "ANEDOTA"
ANEDOTA
Uma garota foi ao médico para perder uns quilinhos. Após um exame minucioso, ele disse:
- Você pode comer de tudo por dois dias; depois, pule um dia e volte a comer normalmente por mais dois; pule outro dia e assim por diante, durante o mês inteiro. Se seguir à risca, você vai perder pelo menos cinco quilos.
No início do mês seguinte, ela retornou ao médico, 15 quilos mais magra.
- Incrível! Vejo que você seguiu minhas instruções rigorosamente. Parabéns!
- Obrigada, doutor. Mas fique sabendo que eu quase morri!
- De fome?
- Não! De tanto pular!
José F. Lima, Taboão da Serra, SP
1. O médico deu algumas recomendações a garota. Ele explicou de forma clara o que ela deveria fazer? Por quê?
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3. Diga se nas palavras abaixo
há dígrafo vocálico colocando nos parênteses (DV) ou dígrafo consonantal (DC).
( ) tanto ( ) quilo ( ) minhas ( ) assim ( ) instruções
4. Palavras Embaralhadas: descubra onde se encaixam as palavras de acordo com o número de sílabas:
garota mês pular rigorosamente exame dia você
minucioso eu cinco instrução
monossílabas:____________________________________________________________________________________
dissílabas:_______________________________________________________________________________________
trissílabas:_______________________________________________________________________________________
polissílabas:______________________________________________________________________________________
5. Classifique as palavras de acordo com o encontro vocálico em: hiato, ditongo e tritongo.
dias __________________ vai ____________________ quase _____________________
depois ________________ quilos __________________ mais ______________________
Texto para reescrever: "O assassinato da ortografia
No meu café da manhã, tinha sobre a meza, quejo, prezunto, mortandela, matega, saucinha e iogute natural.
Mas o café estava sem asúcar e eu presizo de uma colher para mecher o café. Era tanta coisa que não sobrava espaso na meza.
Liguei a televisam e estava paçando o “Bom Dia São Paulo”, onde mostrou como se comstrói o espaso geográfico. Os home construimdo nos morros, as caza de simento e madera.
Mostrou que o alco é um produto estraído da canha de asúcar e a gazolina do petrólho e...
Desliguei a televisam, vesti uma calsa de lam, uma brusa e uma camiza por sima ( o tecido da minha camiza é muito bonito) e fui andar de bicicreta.
Não intendo nada de matemática, mas em português eu sou “fera”.
Parábola para a família
"Deixem-me contar-lhes uma parábola.
Vocês conhecem aquelas casas de madeira, de tábuas largas, com fendas e gretas pelas quais costumam cair, debaixo do assoalho um espelhinho, um pente, uma moeda, um botão, uma miçanga, mil coisas assim, que ficam lá embaixo, na escuridão.
Os meninos antigos gostavam de deitar-se no chão e ficar olhando pelas gretas o velho porão escuro.
Quando um raio de sol penetra lá embaixo, brilham coisas esquecidas e perdidas, pequenas ninharias que se acumulam anos a fio.
Mas se um dia caísse uma jóia, então dava-se a descida ao mundo maravilhoso do "debaixo do assoalho".
Os meninos entravam e era uma festa para os olhos e para o coração: centenas de coisinhas perdidas e reencontradas:
- Aquela bolinha de vidro de cor.
- Aquele alfinete dourado.
- Oh!, aquela pedrinha que brilha!
Eram mil surpresas escondidas, acumuladas, perdidas anos a fio e que a casualidade de uma jóia caída fizera redescobrir.
Pois bem amigos, a vida de família é como o fundo do assoalho, com mil pequenas alegrias e carinhos, com mil momentos de ternura, que vão caindo pelas gretas do tempo e do dia, e se vão esquecendo no fundo da vida.
A gente costuma perder esta beleza toda pelo cansaço, pelo hábito, onde as pequenas atenções, o dizer bom dia, boa noite, onde o carinho pelos pais, pelos irmãos, pelos filhos, tornam-se miçangas caídas nas gretas da vida...
Mas um dia como esse pode ser uma ocasião de choque, de lembranças mais vivas do que foram as coisas.
Talvez seja o dia de tirar as tábuas do assoalho, do redescobrir com alegria as pequenas coisas indispensáveis para o tempo de amor, da vida em família... "
O Rei e a Frase
"Conta a velha lenda que um rei muito poderoso ao enfrentar um outro rei tão poderoso quanto ele, quase perdeu tudo.
Foram anos de batalhas onde muitos soldados perderam a vida, e muito ouro foi consumido.
A guerra só acabou com a morte do rei inimigo, mas custou muito caro ao vencedor, que sentiu o peso da miséria na sua própria vida.
Foram necessários alguns anos para que o rei conseguisse de novo acumular fortuna, com muito trabalho nos campos e a conquista de outros lugares.
Assim, meditando na sorte e no azar, na riqueza e na pobreza, o rei chamou seus sábios consultores e pediu que eles definissem em uma única frase esses dois momentos tão opostos… e que desse força para que ele superasse a falta de recursos, os problemas e dificuldades, e quando na riqueza não esquecesse dos mais pobres, das dificuldades do povo que ele comandava.
Essa frase vencedora, daria honras e glórias ao seu criador e seria escrita na bandeira daquele reino, e seria inserida no brasão real do rei, por isso os gênios de todos os cantos mandavam sugestões, enviando frases que mais pareciam histórias.
Um dia, o rei em um dos seus passeios pelos arredores do seu reinado teve sede e parou perto de um casebre na estrada e um dos seus soldados bateu palmas.
Um senhor bem sorridente o atendeu e logo trouxe água para o rei em uma caneca simples mas muito limpa, o que impressionou o rei, que também ficou impressionado com a pureza e o frescor da água.
Curioso, o rei desceu e resolveu entrar no casebre e se surpreendeu com a paz do ambiente, com a limpeza e as pequenas flores em cada canto daquele cômodo humilde.
O rei então perguntou ao camponês como ele conseguia ser feliz naquele lugar tão longe de tudo e vivendo em tamanha simplicidade.
O camponês contou que no passado tivera bens e posses, era alfaiate e tinha uma grande freguesia, chegou a ter muito dinheiro, mas perdeu tudo com o ataque de um rei muito poderoso naquela região e ele teve que mendigar pelas ruas para comer .
Andou muito, conheceu muitas vidas e muitas realidades, até encontrar esse lugar que hoje ele chama de "pedacinho do céu", e mostrou ao rei uma tabuleta onde ele mandou gravar a frase da sua vida…para que ele se lembrasse sempre, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na pobreza ou na riqueza que ele podia superar tudo, desde que se lembrasse dessa verdade escrita na tabuleta.
Lá estava a frase que o rei tanto buscava, lá estava escrito em apenas uma linha toda a filosofia que seus sábios não souberam explicar, lá estava escrito:
"Tudo passa!" E agora eu te ofereço essa tabuleta, leve-a com você por onde for, na certeza de que esse momento que você vive, seja ele de muita alegria ou de dor...vai passar e você deverá seguir em frente, sem olhar para trás, rumo a felicidade, na conquista do seu "pedacinho de céu", porque tudo passa, mas você é eterno. "
A MORTE
Num artigo muito interessante,Paulo Angelim, que é arquiteto pós-graduado em Marketing, dizia mais ou menos o seguinte:
"Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e nós precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta!
A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro. Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente não fazendo nada. Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas. Quer ter um bom relacionamento então mate dentro de você o jovem inseguro ou o solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter que dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém. Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior. E, qual o risco de não agirmos assim? O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo nossa produtividade e, por fim, prejudicando nosso sucesso. Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram, não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam. Acabam se transformando em projetos inacabados, híbridos, adultos "infantilizados". Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar pensamentos infantis, para passarmos a pensar como adultos. Quer ser alguém: líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga, esposo, esposa, namorado/namorada, melhor e mais evoluído? Então, o que você precisa matar em si ainda hoje para que nasça o ser que você tanto deseja ser? Pense nisso e morra! Mas, não esqueça de nascer melhor!
Quando eu estava no meio do curso colegial, meu professor de inglês fez uma pequena marca de giz no quadro negro. Um ponto exatamente como esse que está aí em baixo.
Ele perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse:
- É uma marca de giz no quadro negro.
O resto da classe suspirou de alívio, porque o óbvio foi dito e ninguém tinha mais nada a dizer.
- Vocês me surpreenderam – o professor falou, olhando para o grupo.
- Fiz o mesmo exercício ontem, com uma turma do jardim da infância, e eles pensaram em umas cinqüenta coisas diferentes: o olho de uma coruja, uma ponta de charuto, o topo de um poste telefônico, uma estrela, uma pedrinha, um inseto esmagado, um ovo podre e assim por diante. Eles realmente estavam com a imaginação a todo vapor.
- Nos dez anos que vão do jardim da infância ao colegial, nós tínhamos aprendido a encontrar a resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar outras respostas certas. Tínhamos aprendido a sermos específicos, mas havíamos perdido muito em capacidade imaginativa. Como bem observou o educador Neil Postman: quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação; quando saem, são frases feitas.
O rio e o leão
Depois de uma grande enchente, o leão viu-se cercado por um rio e ficou sem saber como sair dali. Nadar não era de sua natureza, mas só lhe restavam duas opções: atravessar o rio ou morrer. O leão urrou, mergulhou na água, quase se afogou, mas não conseguiu atravessar, Exausto, deitou para descansar. Foi quando escutou o rio dizer:
- Jamais lute com o que não está presente.
Cautelosamente, o animal olhou em volta e perguntou:
- O que não está aqui?
- O seu inimigo não está aqui – respondeu o rio. – Assim como você é um leão, eu sou apenas um rio.
Ao ouvir isso, o leão, muito sereno, começou a estudar as características do rio. Logo identificou um certo ponto em que a correnteza empurrava para a margem e, entrando na água, conseguiu boiar até o outro lado.
Nesta sociedade, onde tudo é mercado, o conhecimento também vira mercadoria. Nem vou falar de escola particular, pois quem a paga sente muito bem o peso das mensalidades, o custo da mercadoria...
Quero falar, isso sim, dos cursos de extensão ou de aperfeiçoamento, oferecidos aos professores na forma de reciclagem ou treinamento. A transformação de muitos desses cursos em verdadeiros rituais totêmicos merece ser refletida.
As chamadas “inovações pedagógicas”, enlatadas e vendidas por gurus de fala grossa, circulam pelos desertos do magistério conforme as estações da moda: neste semestre, esta proposta; no semestre que vem, aquela abordagem. Nesse veste-desveste de propostas, teorias, abordagens, inovações etc. etc., os professores se sentem eternamente como seres desnudos e desnucados.
A imagem do manequim de vitrina cabe bem aqui. Oco. Sem rosto, Parado, Pé de ferro, Que é enfeitado, trocado, quando chegam as novas mercadorias. Que é retirado de cena, quando não cumpre a sua função de venda.
Outra imagem que também cabe é aquela do espantalho. Recheado de palha. Feição assustadora. Preso a um caibro para ser movimentado de quando em vez. Que é talhado com roupas velhas no sentido de afugentar os pássaros curiosos. Que fica sempre de braços abertos, receptivo, tal o Cristo Redentor.
- Esqueçam tudo que estão fazendo e o que já fizeram em classe – diz o arauto da inovação. Agora o novo jeito de ensinar é este e somente este.
E toda a história profissional, vivida pelo professor ao longo do tempo, segue bueiro abaixo. “Puxa, só estou fazendo burrada em sala de aula!” – pensa inocentemente consigo mesmo, não relativizando nada.
O eterno substituir na esfera do magistério mais parece um edifício sem base, flutuando ao sabor dos ventos soprados pelos gurus e passível de ruir com um leve toque dos dedos.
Quem, sem consciência, nega a sua experiência, nega a sua condição de sujeito. A menos que o professor, por ser masoquista, já tenha se acostumado ao papel de manequim ou espantalho – um direito que lhe cabe, sem dúvida alguma. Cabe para si, mas talvez não caiba aos seus alunos...
A muleta da vovó
Era uma professora recém formada em magistério de 2° grau. Enfrentava, nesse momento, a pesada responsabilidade de alfabetizar uma classe de 34 crianças.
Eu estava sentado lá no fundo da sala. Já tinha perdido a devida autorização para observar a aula. Intuito: sentir mais de perto as práticas pedagógicas na área da alfabetização. Na época, 1977, eu havia sido convidado para organizar uma cartilha, coisa que, felizmente, nunca foi concretizada.
Sobre a mesa do professor um roteiro de aula, que, de onde eu estava, não dava para ver tamanho nem formato. Bom saber que nestes tempos ainda há professores que planejam e roteirizam as suas ações, contrapondo-se à famigerada improvisação.
Diz à classe:
- Copiem as duas palavrinhas que vou escrever na lousa.
E escreve, uma embaixo da outra, lendo em voz alta:
- Mata-borrão, tinteiro.
As crianças, de “esferográfica” em punho, começam a copiar, sempre lembrando que não deveriam se esquecer de cortar o tê.
Ao passeio da professora pelas fileiras, checando as cruzadinhas dos tês, vejo-me com um sentimento de espanto e estranheza frente às duas palavras selecionadas para a lição: mata-borrão, tinteiro. De que diabo de lugar ela tinha retirado tais palavras?
Arrisco, bem baixinho, uma pergunta ao garoto sentado na fileira ao lado:
- Você sabe o que é mata-borrão?
- Sei lá. Acho que é bandido. Assassino.
Meu pensamento corre longe no restante da aula. Volto aos meus tempos de escola primária na década de 50. Caneta de pena, tinteiro e mata-borrão faziam parte do material que eu levava à escola. Molhávamos a pena no tinteiro que ficava num recipiente colocado no topo da carteira, escrevíamos no caderno de caligrafia e passávamos o mata-borrão por cima para sugar o excesso de tinta, não borrar a folha.
Bate o sinal. Eu acordo e corro lá na frente para saciar a minha curiosidade.
- De onde você tirou aquelas duas palavras para os alunos copiarem?
- Quais duas?
- Mata-borrão e tinteiro.
- Ah, sim. Deste meu roteiro aqui – uma preciosidade que herdei da minha avó. Ela também foi professora. A melhor alfabetizadora da região. Sigo direitinho as suas instruções.
E mostrou-me um caderno meio roto, desgastado pelo tempo e pelo uso. Escrito naquelas antigas letras de cartório. Cheirava a cravo-de-defunto. Bisbilhotei a lição do dia, onde encontrei, à página 17, as seguintes instruções: “Na 6a aula, vós deveis fornecer um exercício de cópia com palavras ‘mata-borrão’ e ‘tinteiro’”.
Nas mãos da professora a muleta da vovó. Na cabeça dos alunos mata-borrão = assassino.
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